PES 2019

As primeiras horas que passei com PES 2019, admito, foram incrivelmente frustrantes. A quantidade de perdas de bola, de faltas marcadas ao mínimo contacto físico, a dificuldade em correr livremente pelos flancos ou até de rematar com precisão de fora da área estavam a retirar-me o prazer de jogar, e assim foi até um momento inesperado. Estava em casa, a fazer o habitual zapping pela televisão, quando parei, sem motivo aparente, na repetição do jogo entre o Real Madrid e o Leganés - duas equipas com talentos individuais bem distintos. Durante largos minutos vi o Real Madrid, com o seu arsenal de Galáticos, a ter enormes dificuldades em organizar o jogo de forma a desatar a defesa do Leganés.
PES 2019 é um excelente exemplo de como a Konami não cometeu os mesmos
erros que eu. A iteração deste ano do seu simulador de futebol apresenta
uma visão mais realista do que nunca daquilo que se passa dentro das
quatro linhas. O novo PES é um jogo de paciência, em que cada passe tem
de ser bem medido, em que é preciso segurar a bola, jogar até para trás
caso seja necessário, para procurar encontrar linhas de passe e permitir
que os jogadores se desvinculem das marcações de que são alvo. Qualquer
erro da nossa parte é aproveitado pelos adversários, muitas vezes sem
apelo nem agravo, e isso cria tensão e necessidade de jogar de forma
inteligente. O 'futebol total' é caso raro nos dias que correm, ao
alcance de muito poucas equipas.
Agora, o jogador beneficia da opção de controlar o jogo em vez de partir para cima do oponente, numa tentativa de fazer com que cada jogada seja uma obra-prima que culmina em golo. Acabou o tempo das jogadas 'tipo' que quase sempre resultavam em golo, dos cruzamentos para a área que tantos golos me proporcionaram nos PES mais antigos. Em PES 2018 as coisas já caminhavam neste sentido, mas os ajustes que a Konami fez ao título deste ano tornam PES num simulador cada vez mais real, onde cada partida transmite a sensação de estarmos a disputar um jogo real. Marcar golos de cabeça, por exemplo, obriga o avançado a procurar a posição ideal, em vez de ficar estático e tentar superiorizar-se ao defesa pela força ou capacidade de impulsão. Podes tentar fazer isso e marcar um golo ou outro, mas o simples exercício de usares o 'super-cancel' para fugir à marcação e chegares primeira à bola é uma sensação espetacular, que pode até dar origem a mais golos de belo efeito, de bicicleta ou pontapés de moinho.